A teoria do Dilúvio Global considera que o planeta Terra foi totalmente coberto pelas águas, em uma interpretação literal do texto bíblico.

Esta visão trás alguns desafios, especialmente no que se refere à quantidade de água envolvida. A isso adicionamos a velocidade com que o planeta foi coberto, e também o tempo em que essa água escoou. Para onde toda a água foi? Algumas teorias foram desenvolvidas para responder a estas perguntas.

Teoria da Cobertura

Essa teoria surgiu em 1874 com Isaac Vail, e tomou força em 1961 com a publicação do livro “The Genesis Flood”, de Henry Morris e John Whitcomb. De uma forma resumida, ela considera que havia uma “cobertura de água” em volta de todo o planeta, que desapareceu após o Dilúvio. Seguem os principais pontos:

Genesis 1:6-7 – Depois disse Deus: “Haja entre as águas um firmamento que separe águas de águas”. Então Deus fez o firmamento e separou as águas que estavam embaixo do firmamento das que estavam por cima. E assim foi.

Neste texto o firmamento é o ar, como também em Gn 1:20. Isso significa que havia água acima e abaixo do “ar”. Ou seja, havia uma camada de água na parte superior da atmosfera. Essa cobertura, porém, seria translúcida o suficiente para que fosse possível ver o Sol, a Lua e as estrelas.

Genesis 2:5-6 – ainda não tinha brotado nenhum arbusto no campo, e nenhuma planta havia germinado, porque o Senhor Deus ainda não tinha feito chover sobre a terra, e também não havia homem para cultivar o solo. Todavia brotava água da terra e irrigava toda a superfície do solo.

Este texto nos indica que não havia chuvas naquela época, e a atmosfera tinha uma composição diferente.

Genesis 7:11 – No dia em que Noé completou seiscentos anos, um mês e dezessete dias, nesse mesmo dia todas as fontes das grandes profundezas jorraram, e as comportas do céu se abriram.

Observe que o texto fala em “comportas do céu”, de onde veio parte da água.

A existência desta cobertura poderia explicar uma série de questões, uma vez que o clima do planeta seria bem diferente do atual. Serviria, por exemplo, para justificar a vida longa que nas personagens de antes do Dilúvio. A cobertura iria filtrar parte dos raios solares e assim retardar o envelhecimento. Observe no gráfico abaixo o tempo de vida das personagens bíblicas (fonte: http://www.ncbible.info).

Esta cobertura também poderia ter permitido a vida dos dinossauros, que potencialmente teriam sido extintos após o Dilúvio, por não conseguir sobreviver no novo clima do planeta.

Neste caminho de interpretação, o arco-íris seria um fenômeno novo, que só passou a acontecer após o Dilúvio, considerando que os raios do sol não são mais filtrados.

Objeções ao Dilúvio Global e à Teoria da Cobertura

Essa interpretação trás alguns problemas que ainda não tem uma resposta bem definida.

Uma delas envolve como manter toda a água suspensa na atmosfera. Considerando a quantidade de água necessária, seria inviável manter tudo isso na forma de vapor e ainda haver uma temperatura suportável no nível do solo. Mesmo que parte desta água estivesse em forma de gelo em órbita ao redor do planeta, não ficaria estável. A energia gerada pela queda de toda essa água e gelo provavelmente iria “cozinhar” tudo. Poderia-se considerar que apenas parte da água estaria nesta cobertura – por exemplo, 90% estaria em cavernas subterrâneas. Ainda assim 10% da água suspensa é muita coisa.

A quantidade de água necessária

Outra questão envolve o destino de toda esta água após o Dilúvio. Para onde ela foi?

O deslocamento dos animais

Como trazer animais de todas as partes do globo para a arca? E como eles voltaram depois?

Outros argumentos

• Um cometa de gelo poderia ter atingido a terra e assim gerado a chuva necessária. Esse argumento gera alguns problemas envolvendo o calor gerado pelo choque, que seria muito grande, possivelmente fervendo toda a água.
• O planeta poderia ser muito mais plano àquela época, de forma que não seria necessária muita água para cobrir toda a sua superfície.
• O argumento anterior se junta à teoria envolvendo as placas tectônicas. Estas placas poderiam estar suspensas sobre uma camada de água, sendo que o deslocamento abrupto das placas vez com que a água subisse por sobre as mesmas, porém depois voltariam para baixo das placas, mas agora formando os continentes.